quarta-feira, abril 28, 2004

 

Vita Nuova

Napalm foi de férias.
Napalm tem mais um ano.
Napalm não està confuso.


(esperam-se novas actualizações sempre que a minha vida deixar de ser interessante)

quinta-feira, abril 01, 2004

 
"Kill him...fucking kill him. Kill him already, kill him" (repeat ad lib with full chorus)

O tempo passou tão depressa desde o ultimo post que tudo o que aconteceu (e não aconteceu) nestes dias se funde como detergente em pastilha numa maquina de lavar. Tentarei descrever brevemente o que se passou durante a centrifugação.

O Jacko não me pôde acompanhar na minha busca por bilhetes. Veio antes o Rudy, que como também não faz nada na vida, arranjou tempo entre as suas visitas de cortesia aos amigos para vir ter comigo ao bairro previamente mencionado. Com apenas 500 lugares na sala tinha tantas possibilidades de arranjar bilhete como de ensinar a cadela a falar norueguês. Ficou o refrão na cabeça enquanto eu e o Rudy desciamos a rua de Ménilmontant (eu venho das sete colinas mas esta também é ingreme que se farta) a comer bananas. Shellac fica para a proxima.

Terça-feira, voltando do liceu com o meu Grego debaixo do braço e ja recomposto da desilusão da noite anterior, cruzo-me com o Matthieu à entrada da minha rua. O plano era irmos (mais o Jacko) para o Marmouzet assar coisas e enfrascarmo-nos. Realmente têm estado uns belos dias de sol por aqui e a unica maneira de os aproveitar é ocupar um qualquer canto com arvores e relva, neste caso, o parque mais perto.

Os franceses têm muito a "cultura do parque", creio que em muito devido ao facto não terem praias decentes ao alcance de todos. A iniciativa de ir assar uma quantidade absurda de salsichas e uma unica costeleta (eu participei com as minhas Isidoro e um six-pack de Sagres embora tivesse comido antes, so para eles ficarem com o gostinho nacional) partiu do facto de o parque ter sido recentemente "equipado" com uns circulos em cimento no chão, munidos de uma grelha e de grades de protecção lateral. Isto quer dizer que podemos empestar aquilo tudo com o nosso festim de carnes que ninguém nos diz nada, de facto até devem agradecer que limpemos o bosque à volta à procura de ramos para a fogueira. Escusado dizer o efeito repugnante que estes "poços negros" imprimem à paisagem, ja de si pouco caracteristica (com gigantescas rãs a decorar). O Remy chegou, ja estavamos todos bêbedos, a escumalha local fazia os possiveis para espantar as duas raparigas branquissimas que tinham estacionado nas nossas imediações, jogava-se com bolas, fazia-se piruetas e equilibrismos, corpos deixavam-se pendurar de estruturas metalicas, tudo isso feito com a maior graciosidade e estilo que os seus musculos permitiam.

O Marmouzet é o retrato tipico do freak/talent show (dificil de decidir qual dos dois é) onde toda a gente passa cada minuto a inspeccionar o que o vizinho do lado esta a fazer e que efeito isso vai ter no ecossistema, tudo isto com um unico proposito: "aquilo" (ou então andar à porrada com o grupo do lado porque eles fizeram passar a bola perto das meninas que eles tentavam impressionar). O meu corpo jazia semi consciente no chão, vitima de duas Sagres, alguns estupefaciantes, mas sobretudo do dia de trabalho e do intenso sol que se fazia sentir; porém, com os sentidos abertos o suficiente para me ter apercebido de tudo isto. No entanto, o filme que estavam a passar na minha cabeça nessa tarde era bem diferente. O parque não tinha chão e havia um imenso muro verde onde eu me encostava, do qual brotava erva e um sem numero de ciprestes que cresciam longitudinalmente; o horizonte era uma parede pintada de azul-claro. O sol deixava-se cair em toda a paisagem e incendiava-me as ideias.

Ontem também foi um dia relativamente interessante, estive a vigiar as provas do BAC blanc (uma especie de teste para os exames nacionais); fez-me lembrar o pânico dos meus exames de 12°. Até fiz uma voltinha pela sala e tudo, o que me fez sentir importante e patético ao mesmo tempo. O drama suburbano continua, o Jacko quer acrescentar o parricidio à sua lista de pecados mortais, eu jantei morangos com iogurte e "quatre-quarts" da bretanha e cada vez tenho menos vontade de trabalhar. Ainda bem que não o faço.

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